And if you
could know your own killer?
And if it
was lovely?
And if you
fell in love with it?
E se você pudesse conhecer o seu assassino?
E se ele fosse adorável?
E se você se apaixonasse por ele?
Um
O relógio tocou às seis da manhã com de costume, e ainda assim era tudo
diferente, desde ontem quando o encontro foi marcado. Agora o desconhecido
tinha local e hora.
“Ok Lola, levantar” – Pensou a menina abrindo seus olhos castanhos
constantemente semicerrados mesmo sem o pesar do sono. Essa era uma grande
característica sua, algo sexy e admirado.
Era incrível como conseguiu dormir tão plenamente. Isso era algo
difícil há um tempo, ainda mais depois do ‘agendamento’. Era assim que ela chamava
todo e qualquer compromisso que tivesse tempo e espaço para acontecer. Nunca
havia sido algo tão bizarro, mas compromisso é compromisso.
A silhueta morena moveu-se até a mesinha de centro feita com material
reciclável. Era uma engenhoca criativa feita de antigas pastas de escritório
dispostas de formas aleatórias e cobertas por imagens de estrelas da música,
personalizado e útil. A moça alcançou seu aparelho de som, parando por um
momento para admirá-lo. Não era moderno, definitivamente não, mas era seu
equipamento favorito. Lola não tinha televisão e videogames, ela tinha algo
muito melhor, a música. Estava nela, era dela, era ela.
Com um sorriso que demonstrava mais cumplicidade do que animação, ela
colocou sua playlist favorita para
tocar. O som produzia uma trilha de energia que se movimentava em direção à
menina, envolvendo-a, entrando pelos seus poros e aos poucos lhe dando vida.
Ninguém conseguiria ver essa mágica acontecendo, era quase imperceptível
visualmente. Quase, porque Lola a via. Enxergava-a tão claramente como fumaça
de charuto, bem forte e expeça.
Após um longo suspiro ela levantou os olhos e se encarou no espelho que
ocupava quase toda a parede atrás da mesa. Olhou para os seus cabelos negros e
ondulados levemente desarrumados. Sua pele era bronzeada naturalmente. Seu
corpo tinha curvas e deslizes e a camisola que estava usando modelava o seu
corpo até os joelhos. Lola encarou sua própria expressão pálida e vazia. A
maquiagem do dia anterior estava borrada e distorcida, como um palhaço de
parque de quinta categoria. Sua boca ainda mantinha um meio sorriso do primeiro
bem estar da música que preenchia o ambiente.
“Hoje não é um bom dia. Não me sinto a melhor pessoa do mundo, mas
definitivamente tudo vai ser bem melhor depois que eu... Depois que eu o
conhecer amanhã.” – Soou a voz que sinalizava menos idade do que o corpo
aparentava.
A menina trocou sua roupa casual favorita: um simples
vestido preto e sapatos confortáveis , e checou rapidamente a sua bolsa. O
jornal que estava jogado na cama aberto na página de anúncios a encarava como
se também estivesse na expectativa. A menina caminhou lentamente e releu alguns
trechos do anúncio respondido.
“Procuro uma pessoa para me matar...Minha vida é sem
sentido...Contato urgente...”
Suas mãos tremeram com a antecipação e toda a ansiedade do dia
anterior voltou ao seu corpo enviando pequenos choques de adrenalina e arrepios
pela sua espinha, braços e pernas. O anúncio foi respondido. Não havia mais
motivo para receios, medos e desistências. Cerrou os olhos e moveu-se lenta e
prazerosamente ao final da última música, cantarolando-a baixo. Com a calma
reestabelecida dobrou o papel, colocou na bolsa e saiu sob um sol escaldante.
Dois
Danny olhava atentamente a movimentação infantil e
entediante que acontecia à sua volta. A tentativa de concentração era inútil,
nada prendia seu interesse por tempo suficiente. Nem o trabalho maçante e pouco
dinâmico que realizara na manhã daquele dia e há três anos, nem a paisagem que
testemunhava durante os míseros quarenta minutos de almoço. Tudo era mecânico:
Não dormir, levantar, trabalhar, comer e não dormir. Ações e movimentos
robóticos que o estavam transformando em um perfeito zumbi. Sua mente inclusive
lhe mandou uma nota de rodapé informando que sua aparência estava assustando as
crianças ao redor.
“Ok, Danny, levante o rabo e volte à sua vidinha” – Falou o
rapaz para si mesmo, mas com uma altura inadequada, pois duas crianças que
estavam ao seu redor saíram correndo de perto dele.
“Hey, desculpas. Não foi por mal.. Não sou um cara mau.”-
Sua voz foi morrendo ao ponto que ele percebia que elas já estavam longe demais
para ouvir suas desculpas.
Sua falta de atitude não fazia o menor sentido, ele sabia
que toda a apatia e desmotivação haviam ficado no passado, desde ontem ele era
um novo ser, uma aberração dotada do poder do livre arbítrio.
Chegando de volta ao seu escritório que parecia ter saído do
clipe Hide u da banda Kosheen*,
*N. da A: https://www.youtube.com/watch?v=HHIjuyNdMvg
*N. da A: https://www.youtube.com/watch?v=HHIjuyNdMvg
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